terça-feira, 26 de junho de 2012

vallejo, quem? parte 2

anterior: vallejo, quem?


   os anos se passaram e todos viram a pequena luzerna florescer sem muita ajuda; como instinto das flores do campo que espalham beleza e brotam sem ser plantadas. Marisa e Ignácio maravilhavam-se com a desenvoltura da filha para as artes, ao mesmo tempo que achavam desperdício o tempo exagerado que ela passava em seu quarto desenhando e pintando coisas geralmente abstratas.
   agora Blanca estava na beira de seus quinze anos de idade, e como toda garota tinha o sonho de uma festa repleta de pessoas a lhe admirar dentro de um vestido finíssimo. tão fino quanto o sapato, o prendedor de cabelo e os adornos que ela admirava nas vitrines das lojas pelo caminho da casa à escola. coisas que ela mesma sabia serem impossíveis de ter.
   não que isto seja certo, mas as coisas começaram a desandar por estes tempos. ela desejava sem condições de ter e se culpava por desejar de mais. jamais fez birra ou pediu algo que seus pais não fossem capazes de lhe dar, ela imaginava o quanto isto causaria mágoa no coração deles. ao contrário de pedir presentes absurdos, ela decidiu sonhar e se imaginar com todos eles. apesar de serem irreais, de certa forma eram capazes de a suprir.
   na noite do seu aniversário alguns amigos achegaram-se no quintal da casa notavelmente classe média para comer um bolo de classe média e tirar fotos para recordar o momento, decorado por sua mãe com balões e algumas flores. o que não faltaram foram doces e mais doces que a própria Marisa passou a semana toda fazendo. estes sim poderiam ser considerados classe alta.
   mesmo bem educada, a filha estava vivendo uma ligeira fase de rebeldia, e um dos primeiros sinais que chamaram a atenção de seus pais se deu ao parar de se referir a sua mãe Marisa como Pepita, - um apelido carinhoso que Blanca escolheu aos quatro anos de idade - preferindo palavras como Senhora Marisa.
notaram algumas diferenças no comportamento da filha, coisas como não querer mais descer de seu quarto para jantar em família, passar menos tempo com sua mãe na cozinha e não se deliciar tanto com as balas que seu pai, agora gerente da firma, trazia vez por outra do trabalho.
   o Sr. Ignácio preferiu não interferir, enquanto Marisa estava cada vez mais incomodada. ela não poderia deixar que sua filhinha mudasse tanto, e no fundo sentia que tudo fazia parte do crescimento e em breve a luzerna partiria para viver sua própria vida correndo atrás das artes.
   no final da festa, quando todos os convidados e amigos de infância da aniversariante partiram com doces nas mãos, a jovem agradeceu aos seus pais pela comemoração e subiu ao quarto para supostamente dormir, deixando toda a bagunça de uma festa simples para que Ignácio e Marisa limpassem.

Continua...

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