quarta-feira, 20 de junho de 2012

vallejo, quem?

anterior: a descobrir-se, parte 3 de 3.


   a família Vallejo, como qualquer boa família, ocultava segredos por detrás das quatro paredes e do teto que os protegiam dos vizinhos curiosos. como qualquer família, eles estavam passando por uma época de grandes e delicados problemas; assim como haviam passado por ótimas épocas anteriores.
   as coisas não estavam bem na firma do Sr. Ignácio e isto vinha acontecendo com diversas outras empresas independentes no país. como se não fosse suficiente, a sorte resolveu dar as costas e sua filha que sempre fora saudável caiu sob uma doença na qual todos da cidadela onde moravam denominavam como maldição.
   os Vallejo - se é que posso chamá-los assim -  são de origem boliviana. Ignácio, em sua juventude complicada, casou-se com uma das únicas alemoas da cidade, Marisa Josefa, e a tornou uma Sra. Vallejo. a alemoa era cobiçada por todos os bolivianos do bairro e se deixou levar pelas promessas do jovem afanoso em sair do interior da bolívia para uma vida melhor.
   nada de grande importância ser parte da família Vallejo, pois seu pai, Jorge, havia deixado muitas dívidas a pagar quando morreu e a herança se transformou em contas para o governo, para o padeiro, para o leiteiro e até mesmo para o pastor da igreja.
   um fato curioso e que gerava fofoca para a antiga vila que ele morava: Ignácio era filho único onde o costume de filhos não se dava ao luxo de limites, e assim todos cochichavam a possibilidade quase que real de Ignácio ser filho de algum romance escondido de sua mãe, Dolores, enquanto Jorge seria infértil.
   Jorge viveu todos os anos com esta dor, mas não vejo como motivo por ele ser alcoólatra e gastar todo o dinheiro nos bares deixando o trabalho de sustento para Dolores, que se virava como quitandeira e babá da cidade para dar uma vida aceitável ao filho Ignácio.
   agora Ignácio havia casado e as poucas lembranças que ele guardava de sua família se resumiam em seu pai jogado pelos cantos da rua e até mesmo na porta da casa nos dias em que Dolores não o deixava entrar. por este motivo a palavra mãe sempre o faria lembrar de uma mulher batalhadora com a tristeza no olhar.
   todos sabiam que o boliviano e a alemoa se uniram por amor, afinal ambos não possuíam grande quantia de dinheiro, apenas o suficiente para sair da bolívia e se mudar para a parte norte do brasil. todo mês Ignácio enviava uma quantia para sua mãe a fim de lhe ajudar nas contas que seu pai havia deixado, mesmo que muitas vezes isto significasse recusar alguns doces depois do almoço e até mesmo uma roupa nova para enfrentar o frio.
   os anos passaram e Blanca nasceu trazendo luz para o casal que aprendeu a ser uma família longe de todos os seus antigos conhecidos. sem mãe ou sogra para ajudar na criação, Blanca crescia saudável e encantadora em uma época onde seu pai era um mero trabalhador na firma de doces. sua mãe sempre fazia toda espécie de tortas e doces para vender, receitas que havia aprendido com sua sogra e ensinava com orgulho para a luzerna que sempre aprendia tudo com tamanha facilidade.
   Blanca Vallejo não nos foi formalmente apresentada até este momento, mas pelos próprios relatos antigos da pequena podemos concluir de qual problema se trata.


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